7.7 COMO OS VENTOS GERAM MOVIMENTO VERTICAL

        Como os ventos (horizontais) se relacionam com o movimento vertical? Embora o transporte vertical seja pequeno comparado com o movimento horizontal, ele é muito importante para o tempo. Ar ascendente é associado com nebulosidade e precipitação, enquanto subsidência produz aquecimento adiabático e condições de céu limpo.

        Consideremos inicialmente a situação em torno de uma baixa pressão na superfície (ciclone), onde o ar está "espiralando" para dentro. O transporte de ar para o centro causa uma diminuição da área ocupada pela massa de ar, um processo chamado convergência horizontal. Como conseqüência, o ar deve acumular-se, isto é, aumentar sua altura. Este processo gera uma coluna de ar mais "alta" e portanto mais pesada. Contudo, a baixa de superfície pode existir apenas enquanto a coluna de ar acima permanece leve. Consequentemente, um ciclone de superfície deveria erradicar-se rapidamente. Para que uma baixa superficial exista por um tempo razoável, deve haver compensação em alguma camada acima. A convergência na superfície poderia ser mantida, por exemplo, se divergência em nível superior ocorresse na mesma proporção (Fig. 7.16a). A convergência em superfície sobre um ciclone causa um movimento resultante para cima. A velocidade deste movimento vertical é pequena, geralmente menor que 1 km/dia. Ar ascendente sofre resfriamento adiabático e conseqüente aumento da umidade relativa. Nuvens e precipitação podem eventualmente desenvolver-se, de modo que ciclones são usualmente relacionados a condições instáveis e tempo "ruim". A divergência em nível superior pode ocasionalmente até mesmo exceder a convergência na superfície, o que resulta na intensificação do fluxo para o centro do ciclone na superfície e na intensificação do movimento vertical. Assim, a divergência em nível superior pode intensificar estes centros de tempestade, assim como mantê-los. Por outro lado, divergência inadequada em nível superior permite que o fluxo na superfície "preencha" e enfraqueça o ciclone na superfície. Pode ocorrer também que é a divergência em nível superior que primeiro cria a baixa na superfície ao iniciar fluxo ascendente na camada imediatamente abaixo e eventualmente abrindo caminho até a superfície, onde o fluxo para dentro é então estimulado.

        Assim como os ciclones, os anticiclones precisam também ser mantidos a partir de cima. O fluxo de massa para fora na superfície é acompanhado por convergência em nível superior e subsidência geral na coluna (Fig. 7.16b). Como ar descendente é comprimido e aquecido, a formação de nuvens e precipitação é improvável em um anticiclone e por isso eles são usualmente associado com tempo "bom". Além disso, num anticiclone o gradiente de pressão é geralmente fraco numa grande região em volta do centro e os ventos são fracos.

Fig. 7.16 - Esquema das correntes de ar associados com ciclones e anticiclones.

        Devido à estreita ligação entre ventos e sistemas de tempo, consideraremos alguns fatores que contribuem para a convergência ou divergência horizontal. Já mencionamos o atrito sobre correntes de ar curvas, que faz com que o vento cruze as isóbaras para a área de pressão mais baixa. O atrito também causa convergência quando a corrente de ar é reta. Quando o ar se move da superfície relativamente lisa do oceano para a terra, por exemplo, o atrito crescente diminui a velocidade do vento, resultando num acúmulo de ar. Portanto, ventos convergentes e ar ascendente acompanham a corrente de ar do oceano para a terra (Fig. 7.17). Este efeito contribui para as condições nebulosas sobre a terra freqüentemente associadas com uma brisa marítima. Por outro lado, divergência e subsidência acompanham a corrente de ar da terra para o oceano, devido à velocidade crescente (Fig. 7.17).

Fig. 7.17 - Divergência e convergência devido a atrito.

        As montanhas, que também atrapalham o fluxo de ar, causam divergência e convergência ainda de outra maneira. Quando o ar passa sobre uma cadeia de montanhas, a coluna de ar precisa reduzir-se verticalmente, o que produz divergência horizontal em altitude. Ao atingir o sotavento da montanha, a coluna de ar aumenta verticalmente, o que causa convergência horizontal em altitude.

        A previsão do deslocamento de centros de baixa pressão é importante para a previsão de curto prazo. Além disso, os meteorologistas precisam também determinar se a circulação em ar superior intensificará um ciclone embrionário ou suprimirá seu desenvolvimento. É muito importante entender a circulação atmosférica total.

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