5.6a A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

        Além da energia potencial e cinética macroscópica que um corpo possui, ele também contém energia interna, devido à energia cinética e potencial de suas moléculas ou átomos. A energia cinética interna aumenta com o aumento do movimento molecular e se manifesta por aumento de temperatura do corpo, enquanto mudanças na energia potencial das moléculas são causadas por mudanças em suas configurações relativas. No que segue, consideremos a energia potencial e cinética macroscópicas inalteradas.

        Vamos supor que uma parcela de ar com massa unitária recebe uma certa quantidade de calor q, por condução ou radiação. Como resultado, a parcela pode produzir um trabalho externo W e/ou armazenar energia interna, aumentando-a de u1 para u2. Pela lei da conservação da energia,
 
(5.11)

ou, na forma diferencial:
 
(5.12)

A variação da energia interna é:
 
dudq - dW,
(5.13)
que é uma expressão da 1a Lei da Termodinâmica. Para calcular o termo de trabalho, dW, envolvido na compressão ou expansão de ar, usamos o exemplo de um cilindro com ar, fechado com um pistão móvel, sem atrito (Fig. 5.8). O trabalho necessário para comprimir ou expandir a amostra de ar é simplesmente o produto da força (pressão multiplicada pela área) pela distância percorrida pelo pistão, durante a qual a força foi aplicada:
 
.
(5.14)

Fig. 5.8

Em outras palavras, o trabalho positivo feito pela amostra quando seu volume cresce é igual à pressão multiplicada pelo acréscimo no volume. Para uma massa unitária, o volume é substituído pelo volume específico :
 
(5.15)
A (5.12), combinada com a (5.15), fica:
 
(5.16)
         Introduzimos agora as grandezas calor específico com volume constante, cv, e calor específico com pressão constante, cp.

        Num processo em que calor é fornecido a uma massa unitária de material, cuja temperatura varia, mas cujo volume permanece constante, define-se um calor específico com volume constante, cv, como:
 
(5.17)
         Se o volume específico é constante na (5.16), dqdu e então

.

        Mas para um gás ideal, u depende apenas da temperatura, de modo que podemos escrever:
 
(5.18)
         Essa conclusão decorre da Lei de Joule segundo a qual quando um gás se expande sem realizar trabalho (por exemplo, para dentro de câmara evacuada) e sem receber ou dar calor, a temperatura do gás não muda (para gás ideal). Neste caso, dW = 0, dq = 0 e então du = 0. Como T não varia, a energia cinética das moléculas também não varia. Portanto, a energia interna não varia, mesmo que o volume varie. Em suma, a energia interna independe do volume se a temperatura é constante, pois ela só depende da temperatura.

        Portanto, da (5.16) com a (5.18), a 1ª lei da Termodinâmica pode ser escrita como:
 
(5.19)
         Num processo em que calor é fornecido a uma massa unitária de material cuja temperatura varia, mas cuja pressão permanece constante, define-se um calor específico com pressão constante, cp, como:
 
(5.20)
         A (5.19) pode ser reescrita como:
 
(5.21)
 pois d(pa )pda + adp.

        Da lei dos gases ideais:  Portanto:
 
dq(cv + R)dT - adp.
(5.22)

        Com pressão constante, dp0 e

dq(cv + R)dT.

        Da (5.20) temos também dqcpdT

        e portanto, cpcv + R. (5.23)

        Assim da (5.22) com a (5.23) a 1ª lei da termodinâmica pode também ser escrita como:
 
dqcpdT-adp.
(5.24)

Próximo Tópico: Processos Adiabáticos
Tópico Anterior: Variações Adiabáticas de Temperatura